Segundo artigo de três pesquisadores norte-americanos do sono, publicado na revista digital Aeon, em breve, as marcas poderão inserir produtos em nossos sonhos.
Ciência e Tecnologia Por: Thiago Silva - 03/01/2022
De acordo com Adam Haar Horowitzis, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts / EUA); Robert Stickgoldis, da Universidade de Harvard (EUA) e Antonio Zadrai, da Universidade de Montreal (Canadá), a tentativa de empresas colocarem seus produtos nos sonhos das pessoas não é ficção: é um fato, e se tornará realidade em cerca de 3 anos .
Eles apontam que, na noite anterior ao Super Bowl (jogo final do campeonato da NFL, principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, que decide o campeão da temporada) do ano passado, a empresa de bebidas Molson Coors realizou o que chamou de “ maior estudo dos sonhos do mundo ”. O objetivo era colocar imagens da cerveja Coors junto a imagens positivas nos sonhos das pessoas.
Para isso, a marca contratou um psicólogo de Harvard para criar estímulos de “incubação de sonhos”, incentivaram a participação das pessoas em troca de cervejas grátis e, em uma ação de marketing, fez a estrela pop Zayn Malik concordar em dormir no Instagram Live enquanto tinha um “Coors Dream” incubado.
Os três pesquisadores afirmam que a “incubação de sonhos direcionada”, como os pesquisadores chamam o processo, não é novidade. A diferença, aqui, é a utilização de um produto real neste período de descanso.
“Estamos perplexos com a falta de clamor público sobre a mera ideia de ter nossos sonhos noturnos infiltrados, em grande escala, por anunciantes. Além de algumas preocupações, às vezes tingidas de humor, expressas na seção de comentários que acompanhava o vídeo promocional da Coors e um artigo na revista Science, esta questão levanta pouca atenção ”, declaram.
“É importante agir antes que seja tarde demais”, concluem. Para eles, é apenas questão de tempo para que empresas de tecnologia que produzem assistentes de voz, relógios e dispositivos “vestíveis” comecem a usar essas ferramentas para hackear nossos sonhos enquanto dormimos.
Apesar das afirmações de que até o momento as evidências de grandes efeitos comportamentais causados pela propaganda subliminar seja bastante fraca, é certo que os estímulos fornecidos durante o sono podem influenciar as pessoas sem que elas sejam capazes de avaliar esses estímulos.
Horowitzis, Stickgoldis e Zadrai afirmam que é muito mais fácil entregar essas informações durante o sono. Pode ser provável que a publicidade em sonhos mude o comportamento, mesmo de ouvintes desavisados e daqueles que se lembram apenas de alguns de seus sonhos.
Eficácia de mercado com comprovação científica
O estudo “Futuro do Marketing”, produzido este ano pela Associação Americana de Marketing (AMA), apontou que, entre 400 profissionais de marketing pesquisados, 77% deles pretende implantar o que se tem chamado de “tecnologia dos sonhos para publicidade” em breve .
Os três pesquisadores citam um estudo recente com fumantes adultos, que mostrou que entregar cheiros direcionados (uma combinação de ovos podres ou peixe e fumaça de cigarro) durante o sono dos participantes resultou em uma redução de 30% no fumo durante a semana seguinte. A maioria dessas participantes relatou não ter nenhuma lembrança da intervenção.
Assim, empresas de tecnologia que desenvolveram dispositivos inteligentes para monitorar o sono das pessoas (inseridos em celulares como o iPhone, o relógio da Apple Watch e Nest Hub, do Google) poderão se tornar instrumentos de publicidade durante a noite - ou de coleta de dados , com ou sem conhecimento do consumidor.
(O Sentinela)